O Circuito Roots Racing proporciona exatamente o contato com o terreno natural, não modificado pelo homem. Ela é uma prova de nível técnico não sendo exatamente a dica para quem nunca participou de provas de montanha, mas excelente pedida para quem pretende imergir nesse universo.
Correr é bom! Mas, correr junto à natureza é ainda melhor. Uma outra experiência remontando os primeiros momentos lúdicos do homem primitivo. Brincar é natural a qualquer espécie, e a de correr simulando fugas e perseguições é de praticamente qualquer animal vivo.
A proposta do evento é mais “roots” como sugere o nome. Número de peito para identificar os atletas que são recepcionados à moda antiga no olhômetro e anotando os vencedores. E daí para frente é praticamente cada um por si (inclusive sugerindo que cada atleta estivesse munido de mochila de hidratação ou o que fosse para repor as energias) tanto para os 42k que fechava o circuito das 4 etapas com distâncias aumentando etapa após etapa como os 12k para quem não se dispõe à desafio tão intenso.
Havia pontos de hidratação e paçoquinha durante o percurso, mas vale destacar que os adeptos desse tipo de prova estão um passo além do nível de conscientização ecológico. Não cheguei a encontrar uma garrafa de água, uma embalagem de algum suplemento largado durante o percurso (não que um marinheiro de primeira viagem não possa ter feito). Mesmo assim, esse tipo de evento costuma ter uma varredura depois durante o percurso para resgatar um possível descarte indevido.
Sem chip, sem tapete de cronometragem, sem placa de quilometragem e exigindo um mínimo de atenção dos corredores para não pegar uma trilha errada e muita natureza, verde, montanha, altimetria, cachoeiras e até um pouco de lama em virtude da chuva na noite anterior. O simples fato de você sair do asfalto que tem um efeito refratário de calor e você não precisa de largadas 5 ou 6 da manhã para fugir do calor.
Entre os atletas mais preocupados em vencer o Circuito Roots Racing, também havia aquele corredor que percorria o trajeto de forma mais lúdica que parava para fotos, vídeos e até mesmo nas cachoeiras que são um atrativo extra aos competidores.
Por incrível que possa parecer, existem pessoas que nunca estiveram em uma cachoeira na vida e não digo por que optaram em não ir, mas por nunca sequer terem tido a oportunidade de passar por uma. Ou seja, uma experiência um pouco além de uma corrida convencional não é? Por quantas cachoeiras você cruzou nas últimas corridas?
Sem contar os sons de pássaros, as próprias cachoeiras, os cascalhos debaixo dos pés a cada passo, o estalar de galhos e folhas secas ao chão. Música aos ouvidos.
Por outro lado, o atleta precisava de um esforço um além para vencer a altimetria proposta. O corpo agradece a variação do terreno onde fosse. Terra, grama, cascalho ou mesmo os trechos de lama, mas todos com muito menos impacto para as nossas articulações que resumem a vida longa em nosso esporte que tanto amamos.
Uma experiência para lá de aconchegante onde aquele corredor mais acostumado com um monte de aportes durante uma prova, pode não gostar. A proposta aqui é outra. É de conexão com a natureza. É nos trazer de volta à nossa essência. Até mesmo as medalhas entregues eram de madeira ecologicamente correta para fechar com chave de ouro aquele evento em que você deve colocar no seu radar para 2022. Existem corridas e corridas. Cada um com suas experiências e existem experiências incluindo as com corridas.
Prova aprovada!
Para maiores informações sobre o evento clique aqui.
Por: Demetrius Carvalho
Escritor e Corredor
Instagram @demetrius.carvalho