Estou com 60 anos, militar, resido em Vila Velha, cidade do Estado do Espirito Santo. Comecei a praticar corrida de rua em janeiro de 2009 por motivo de saúde, estava acima do peso e com pressão alta. No Circuito Capixaba daquele mesmo ano, completei 5 km em minha primeira prova de rua.
Em 2010 criei o Treinão de Domingo, com encontros no Píer de Yemanjá, na Praia de Camburi, em Vitória. Estes encontros ocorriam para incentivar corredores iniciantes a praticar o esporte e reunir amigos. Até 2013, estes treinos dominicais estimularam a prática da corrida de rua em muitos atletas da região metropolitana da Grande Vitória.
A partir de 2013, já com grande experiência em corridas (dezenas de 10km, 16 e 21km, além de 12 10 Milhas Garotos), tornei-me ultramaratonista e praticante do trail running (corrida de montanha). Já acrescentei ao meu currículo 6 ultramaratonas, com destaque para as 12h do Exército, 12h Extreme Race Brasil e o Desafio Vitoria/Anchieta.
Minha modalidade favorita é a corrida de montanha, o que considero um eterno mistério. Ao adentrar uma trilha ou subir uma montanha – mesmo em uma prova com centenas de competidores – em algum momento, você estará sozinho na floresta, por vezes fechada. Nestes momentos, o que importa é conseguir ser autossuficiente, pois terá que superar situações inesperadas, resolver problemas que sempre aparecem, enfim, superar “climas extremos e situações adversas” (como diz o grande ultramaratonista brasileiro, Carlos Dias) para cruzar a linha de chegada.
Todas as provas de trail running são encantadoras. Mas a minha prova de estreia foi inesquecível, 12km na etapa da APTR Pedra Azul, em janeiro de 2014: nela, aprendi a amar e respeitar a modalidade, além do que calçar, beber, comer e vestir, tudo isso, muito diferente da corrida de rua.
Cheguei no dia anterior e fui visitar a arena. Totalmente espantado, fiquei quieto, só ouvindo e aprendendo. No dia seguinte, momento antes da largada foi épico: olhei para os lados e via pessoas equipadas com mochilas, bastões, tênis de trilha e outros equipamentos. O meu próprio equipamento era tudo, menos o apropriado para o que viria… mochila de 1 litro para ciclistas, o tênis era incompatível com o terreno e pesado, além disso, não entendia a utilidade dos bastões.
A prova foi duríssima, apesar da distância pequena. Enfrentei subidas intermináveis e íngremes; nas descidas, outro sofrimento. Mas, nas poucas retas, consegui acelerar. Quando fiquei sozinho no meio da trilha, outra tensão: estava sem água e distante do próximo posto de hidratação. As pernas sentiram a sede e o cansaço, para completar, não levei suplementos e alimentação suficientes. Como a dificuldade nos derruba ou nos ensina, naqueles momentos decidi que estudaria o esporte para fazer tudo certo nas competições seguintes. Aquilo me incentivou tanto que apertei o passo, cai, levantei, escorreguei, levantei de novo, mas cruzei a linha de chegada. Sorte de iniciante ou não, ainda levei para casa o troféu de terceiro lugar na minha categoria. Daí em diante, foquei em progredir cada vez mais. Participei, desde então, de várias provas de montanha, uma diferente da outra, fáceis ou difíceis, aprendendo sempre com todas.
Desde 2016, conto com a parceria do treinador Christian Rosa e da Wellness Club Runners – WCR. Sempre em busca de novos conhecimentos, aliados a treinamentos adequados com técnicas em trilha, estradas e fortalecimentos. Também sou acompanhado por nutricionista e fisioterapeuta em minha busca das alegrias, desafios e conquistas do esporte.
Por: Amílcar Junior
Trilhas & Morros
Trail Running & Ultramaratonista
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