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Valorize o Fotografo #noprint

O pedido para não printar fotos não significa apenas não copiar o ato de apertar o botão de uma máquina, significa “valorize o fotografo”. Sabia um pouco mais sobre o trabalho de um fotógrafo de corrida.

Pré-prova

Véspera de prova para o atleta é preparar a roupa de treino e colocar o despertador para às 4h. Quem for mais organizado separa os itens do café da manhã. Há quem deixe até a roupa já no banheiro juntinho com as meias.

O fotógrafo de corrida de rua tem seu ritual também. Carrega as baterias, organiza os cartões de memória e estuda a prova. Dá uma olhadinha no percurso antes e nas possibilidades de um bom registro. Alguns percorrem todo ele buscando pontos legais e seguros um dia antes. Acima de tudo, seguros porque, quando não tem atleta, ele pode ficar sozinho por longas horas aguardando corredores.

Antes de dormir, dá uma olhadinha extra na mochila para responder as perguntas que tiram o sono: as baterias estão na máquina mesmo? Coloquei mesmo o cartão de memória na máquina? Tem cartão extra na bolsa? Levo ou não uma capa de chuva? Alguns nem dormem de ansiedade com medo de perder o horário, igualzinho ao atleta.

Valorize o Fotografo #noprint - Blog Foco Radical

O dia da prova

O despertador toca às 4h. Se for uma maratona deve tocar às 2h da manhã. Toca na casa do atleta, toca na casa do fotógrafo. E ambos dão aquela última olhadinha em tudo para saber se estão levando todos os itens necessários para não “passar perrengue” na prova.

O atleta encontra os amigos uma hora antes da largada. Conversa, tira selfs e o fotógrafo está na busca do posicionamento. Mochila nas costas (se possível à prova d’água porque nunca se sabe o que vem por aí), ele segue para o seu ponto selecionado.

O peso do equipamento do atleta? Sua roupa e talvez um cinto de hidratação. O peso do equipamento do fotógrafo? Depende do evento. Pode ir de 3 a 7 quilos fácil porque lente pesa, corpo de máquina pesa e ainda tem os extras como guarda-chuva, sombrinha, capa de chuva, banquinho, tripé, monopé… a lista só aumenta a depender do tipo de evento. Claro, os lanchinhos e sua água.

Quanto mais atletas têm no evento, menos tempo o profissional vai sair e comprar algum lanche. E por serem eventos iniciando de madrugada, não tem lanche vendendo mesmo!

A prova segue e o fotógrafo está lá, registrando cada sorriso sem pausa para não perder o atleta. Afinal, cada um está em seu momento especial e, por respeito, não é bacana registrar uma parte e a outra não. Todos terão seu registro em imagem.

Fotógrafos Foco Radical em ação

Para alguns uma maratona dura 3 horas, no máximo 6 que é o tempo oficial de conclusão. Para o fotógrafo ela inicia uma hora antes da largada e finaliza apenas quando o último atleta passar. É uma questão de respeito com cada um que, com pace alto ou baixo, finaliza o percurso.

O pós-prova

Acabou a corrida e todo mundo em festa celebrando Rps(recordes pessoais), indo para casa almoçar e dormir ou só relaxar mesmo na piscina com os amigos.

Neste momento inicia a jornada pós prova do fotógrafo: o envio das fotos. Realizar o download do cartão de memória para o computador, renomear os arquivos, ajustar para o site em proporções, identificar os números do peito e enviar. E torcer porque algo pode dar errado e ele perder o dia inteiro de trabalho. Afinal, com eletrônicos não se brinca e eles quebram sem avisar.

Alguns não sabem, mas isso não é um trabalho de minutos. Pode durar horas, a depender da quantidade de imagens.

As vendas iniciam e com isso o acompanhamento para enviar as imagens em alta resolução, média ou baixa, a depender do pedido. E uma a uma o profissional da imagem separa, ajustadas, pode ajustar um pouco mais as cores e relembrar dos sorrisos e da alegria daquele atleta fazendo “aviãozinho” na pista. Relembrar a prova é legal e fica no coração.

#sem impressão

Por que contamos tudo isso? Porque é maravilhoso ser fotógrafo de corrida. Estar presente em um dos instantes mais importantes da vida dos atletas, às vezes uma conquista de décadas de sonho e treino. É um momento especial para ambos. A gente sente a energia pairando na pista e se sente alegre também quando sai do evento. Contudo, é uma profissão.

Só é fotógrafo de corrida de rua quem ao menos simpatiza com o esporte porque não é um trabalho simples. É fato. Ele precisa gostar daquela adrenalina de 1 mil corredores passando por seu lado e, às vezes, nem dá para enxugar uma gota de suor caindo no rosto. Muitos, por sinal, são corredores.

É uma profissão a qual exige dedicação, investimento em equipamento (ele se desgasta com o tempo) e força física. Uma prova pode durar duas horas em média na pista, mas para o fotógrafo são em média 12 horas de trabalho entre pré e pós-evento. Isso sem contar o sol, a chuva e o vento que, além de não serem confortáveis de suportar, colocam todos os eletrônicos em risco. É luta! Como dizem alguns: é selva! E mais um motivo para que se valorize o trabalho do fotografo.

A compra é opcional e há quem compre e quem não compre. É compreensível porque, afinal, não levamos todos os produtos de uma prateleira de supermercado porque eles foram ofertados. Contudo, pegar a foto e postar com a marca d ‘água é roubar o trabalho de quem se dedicou tanto, clicou a sua pose e seu sorriso porque, em muitos casos, o atleta posou para ele mas não tinha a intenção de comprar.

O print de uma imagem significa que você sabe de tudo isso relatado acima e não se importa. Que você viu o profissional, fez pose para ele mas não quer garantir que todo aquele trabalho seja recompensado. Quer apenas usufruir de um brinde.

O print significa que você está deixando um profissional da imagem trabalhando de graça. É como entrar em um restaurante, pedir um prato, degustar e simplesmente sair. Você ignorou o garçom, o tempo de preparo, o ato de ocupar uma mesa para os pagantes, o gasto com ingredientes e foi embora. Ou receber uma massagem e sair sem pagar. Não muda, por isso valorize o fotografo.

Talvez todo esse ritual acima te deixe cansado só de ler. Entretanto, vale lembrar que ele existe e sempre vai existir porque é assim que o fotógrafo de corrida de rua trabalha. E ele depende da venda de fotos para poder continuar trabalhando.

Texto por Lidianne Andrade
Jornalista e Fotógrafa Esportiva
Instagram @lidiannefotografia

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